domingo, 24 de outubro de 2010

OGUN

Dentro do segundo dia da criação, surgem os elementos naturais na criação cósmica, Ògún é o patrono deste dia por ser aquele que é " O Rei na casa e na forja ". A idéia da metalurgia em sentido filosófico dentro do Ìfá, nos diz da capacidade de unir as peças em atrito e desta união, conseguir um novo elemento. A descoberta do ferro na Africa foi uma revolução ímpar, desde a invenção da Olaria no período Neolítico Africano, há aproximadamente 6.500 anos, até o período Gerziano (4.000 anos ) aonde além da utilização do ouro e da prata, começa enfim, a do ferro e do chumbo, "o segredo da forja " foi concentrado em clâs de ferreiros, que detentores da nova técnica, se impunham sobre povos menos avançados. Sua origem parece estar ligada a cidade de Meróe, capital da Núbia, aonde descobriram-se montes seculares de escórias de ferro acumulados no decorrer de uma atividade metalúrgica dos séculos VII- VI antes de Cristo, período em que o bronze era tão raro que os prisioneiros da Etiópia eram acorrentados com correntes de ouro. Considerado o Rei dos metais, por suas características específicas, o ferro proporcionou utensílios que triplicaram as possibilidades de caça e de cultura, permitindo a chance de explorações mais intensas em novas regiões, normalmente pesadas e abundantes em florestas. Neste aspecto, o ferro símboliza, o progresso da produtividade do trabalho agrário, dinamizando um crescimento da população e por consequência, de povoamentos. Nestas regiões, uma nova organização de relações sociais, vem a formar sociedades complexas e hierarquizadas, cujas as bases centrais, seriam as armas e os utensílios de ferro, daí a importância das castas de ferreiros, detentores da tecnologia do ferro, portanto, geradores de poderio militar e desenvolvimento social; compreendendo-se assim, o porque de várias tradições Africanas, falarem de antepassados que eram Reis-Ferreiros, monopolizadores, pelo menos, no começo, da preciosa técnica, o " O SEGREDO DA FORJA " ( AWOGÚN), esta técnica quando analizada filosóficamente pelo Ìfá, nos da a compreensão da atuação dos elementos no mundo e no ser humano. Sendo assim, é exatamente pelo segredo da forja, que Ògún se torna o patrono do segundo dia da criação, o Òjó Ògún; Ògún é o Deus do ferro e de tudo o que ele representa, originariamente associado ao ofício de ferreiro e a agricultura; com o advento da escravidão, evidenciou-se, principalmente nas Américas, suas características de imbátivel guerreiro. Filho mais velho de Oduduwa, o fundador de Ilè Ifé, local reconhecido pelo povo Iorubá como fonte mística do poder e legitimidade. Ògún teria se tornado o regente de Ifé, quando Oduduwá ficou cego. De temperamento violento e enérgico, são inúmeras as lendas sobre suas vitórias e criatividade artezanal sobre a forja. Ao nível mítico-religioso, Ògún teria sido o único Deus sobrevivente dos "duzentos Deuses da direita " os Igbá Imole, destruídos por O lodumare por terem se conduzido mal; Deuses estes, que sem exceção, vestiam-se todos com folhas de Maríwò; Daí ser estas folhas desfiadas, um de seus símbolos. O processo de criação representado por Ìfá, é baseado em um desenvolvimento contínuo, estruturado em princípios fixos. Ao analizarmos o Òjó Ògún, temos que ter em mente o "segredo da forja ", a arte este segredo, foi a sábia manipulação das relações entre os elementos naturais, para a obtenção da liga do ferro na forja. Tanto melhor o utensílio a ser forjado, quanto maior a sabedoria do ferreiro em manipular o minério de ferro (terra), a temperatura ideal na olaria (fogo), que era controlada pelo fole (ar ) e por fim, a água, colocada dentro de um pequeno tanque, aonde era seguidamente apagado o ferro em brasa, até a obtenção da liga ideal. Seria natural então, que sendo esta técnica tão essencial no desenvolvimento humano em Africa, ela ganhasse conotações místicas e mágicas, sendo os clãs e Reis-ferreiros, possuidores dos segredos da transmutação da natureza, portanto da vida. Sendo do segredo do ferro, a origem da busca ao conhecimento dos segredos da natureza e do aperfeiçoamento da alma, utilizando os elementos ar, água, fogo e terra, como símbolos de aspectos comportamentais, morais, etc, sendo o homem, aquele que molda sobre a forja do conhecimento o seu destino. Tanto nestes conceitos filosóficos foram importantes na análisedo homem em relação ao cosmos, que durante os vários séculos que se seguiram após sua descoberta vieram a ser chamados de Alquímia. Sendo fácil a comprenssão que o Rei-ferreiro de 3 mil anos atrás, seja o antepassado técnico e filosófico dos alquimistas do séc. III D.C. ( período Alexandrino ), como químicos de hoje. Ògún, como personagem histórico, teria sido o filho mais velho de Oduduwá, o fundador da cidade de Ìle Ifé. Era um temível guerreiro e grande conquistador, que brigava sem cessar contra reinos vizinhos. Dessas expedições, ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou contra várias cidades destruindo-as. Saqueou e devastou muitos outros estados e apossou-se da cidade de Ire, matou o Rei e ali instalou seu própio filho no trono e regressou  glorioso, usando ele mesmo o título de Oniire, "Rei de Ire ". Ògún foi o mais enérgico dos filhos de Oduduwá e foi ele que se tornou o rei  de Ìle Ifé, quando Oduduwá ficou cego. Ògún é um só, no entanto associado as sete aldeias, hoje desaparecidas, que existiram em volta de Ire. Por isso o número sete lhe ser associado. Os lugares consagrados a Ògún ficam ao ar livre, na entrada de pálacios dos Reis e nos mercados. Também sempre estar presente nas entradas dos templos de outros orisás. Ògún é provavelmente, o Orisá mais respeitado e temido. Um juramento feito em seu nome, com uma faca entre os dentes, representa um dos mais profundos e sérios votos que alguém pode fazer, independente de ser ou não, um filho deste Orisá. Sua origem relaciona-se aos primeiros Òrisás criados por Eledumare, os quais foram destruídos pelo seu própio criador, todos eles vestiam-se de mariwò e eram altamente violentos e sanguinários, nenhum Iorubá, ousaria invocar o nome de um destes Òrisás, tamanha é a força negativa e altamente destrutiva que a simples menção de  um destes nomes é capaz de liberar. Dentre estas divindades, a única que conseguiu sobreviver ´e Ògún, pois neste Òrisá, Eledumare percebeu aspectos positivos para o ser humano e para o desenvolvimento da criação universal, tanto assim procede, que foi Ògún que ensinou o ser humano a forjar os instrumentos de ferro para o plantio. ( só depois é que o ser humano usou estes mesmos instrumentos para a guerra) devido a este fato, Ògún é considerado o Asiwaju ( o que vai a frente) dos outros Òrisás.

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