sexta-feira, 6 de agosto de 2010

MITOS DA ORIGEM DE EÉGÚNGÚN NOS ODÙ DE ÌFÁ

O principal Odù que mostra como Eégúngún nasceu é  Òtúurúpòn Méji. Em seus ìtòn (lends tradicionais) existe a afirmação de que quando um homem morre e o cadáver é enterrado, seu espírito retorna e se une aos antepassados para se tornar Eégúngún. Como o cadáver é coberto da cabeça aos pés, esta é a forma na qual Eégúngún chega ao Òrún. Por causa disto é que todo Eégúngún deve ser completamente coberto, nenhuma parte do "ancestral mascarado " deve ser revelada ao público. Este odù explica a crença do povo Yorubá na vida após a morte e como o morto se une aos antepassados para se tornar morador do Orún (Ará Orún) e por que Eégúngún é completamente coberto. Outro Odù que mostra a origem de Eégúngún é Òwónrín Aseyin ou Isányìn. Aqui estão os itòn de Odù que falam sobre o Edún ou Ijimérè (um tipo de macaco), e contam como este macaco estuprou uma viúva em uma fazenda quando ela estava indo buscar lenha, ficando desta forma grávida. Com sentimento de vingança, a mulher regressou na floresta para atrair o macaco novamente e para isso, usou de "movimentos sedutores" e enquanto o animal estava mostrando seu pênis, ela o persuadiu a coloca-lo dentro de um nó que estava amarrado a um grande tronco de madeira na beirada de um penhasco. Assim, ela soltou o tronco e o animal caiu morrendo no fundo do abismo. Logo após esta mulher ficou grávida e teve um filho, o qual aproximadamente vinte oito anos depois se tornou o Oba (rei) de sua cidade. Com o tempo, todas as tentativas para que as esposas deste rei engravidassem foram completamente infrutíferas. Então um Babalawo descobriu, que o Oba não tinha feito os ritos funerários de seu pai e que por causa disso, ele estava fadado a jamais ter filhos. A mãe do Oba foi chamada e assim, ela divulgou o segredo. O Babalawo ensinou então ao Oba, que deveriam ser levados os ossos, do macaco manchado(Igbógbàlé) com pompa e esplendor para ilérun, local aonde os ritos funerários deveriam ser executados. Desta forma então, um pedaço muito longo de pano deveria cobrir os ossos e um anúncio deveria ser feito a toda cidade: " O pai de Oba viria visitar seu filho em um dia pré-determinado".À meia-noite, pessoas que já conheciam o plano foram para a entrada da cidade. Eles assim fingiriam como se estivessem levando o pai de Oba e deixaram solto um longo pedaço de pano ser levado por centenas de pessoas que gritavam:" gbágan de E, gb´gan de E, Irú àgan kó gbódò kánlè" .( leve agán, leve agán, o rabo de agán não deve tocar o solo ). As mulheres que espiavam a procissão e que já sabiam o segredo implicavam com  Eégún, falando: Bàbá Oba má gùn O. ( os ossos do pai do Oba eram muito longos ). Uma correção porém deveria ser feita, Eégúngún ( mascarado ) é pronunciado de modo diferente de egugun ( ossos ). Os dois tons não podem ser considerados como significando a mesma coisa. O odù explica como Agan ( os restos mortais do macaco ) pai biológico do Oba, é levado para casa. Este Agan assim se torna o símbolo sagrado do poder de Eégúngún no culto, ilustrando o que os Yorúba acreditam como sendo a relação entre os vivos e os mortos. O Odù diz mais adiante que como o Agan estava sendo levado a Ilerun para o santuário familiar, haviam então fortes especulações sobre a importância de avisarem as mulheres que estavam em dor de luto, para ficarem trancadas em casa. Os homens gritavam "eró'mbo ero obinrin owo o" ( eró está vindo, as mulheres não o devem ver). Eró é o nome sagrado do macaco. Estes homens faziam sons selvagens e incomuns, e assim é o começo do ritual de Orò. O itòn afirma que Orò teve a mesma origem de Eégúngún e as mulheres não devem saber seu segredo. A tradição do culto a Orò não é controlada pelo Oba e o Oyomesi como nos outros cultos. Na verdade tanto Orò como Eégúngún possuem funções políticas e ociais idênticas, por isso as antigas tradições os apresentam como irmãos, mas atualmente, o culto à Orò e os cultos de Eégúngún não possuem muitas coisas em comum, e como Peter Morton Willians notou, os participantes do culto de Oro não são tão influentes nas questões políticas em Oyó como são em  Egba e o Ijebu. Agan em sua forma de um longo pedaço de pano , ainda está sendo usado em Itoko Abeokuta, e em Ota. Na noite do primeiro dia do festival de Eégúngún. Mas geralmente em Oyó e em outras cidades do povo Yorubá, Agan possui um significado mais profundo que os raros cultos feitos durante o festival de Eégúngún. Acredita-se que o Agan está além da compreensão do homem comum, consequentemente existe seguinte declaração :     "Ma foju kan mi ko de Enikan Gbodo foju kan Orombo  Nijo ba de Agan osan jade    Igi um lu de wo de ma ope de Igi um ope de wolu de ma  Igbo um tagbatagba de jona de ma    Odan um si jona teruwa teruwa Uma diversão de difa Mafojukanmi  Ti je de í Agan ".     "Você não vê minha face, nínguem pode sempre ver Orombo sempre que o Agan sai ao  meio-dia um vento forte de ira, tombando árvores sobre árvores e palma que cai  sobre palmas, a floresta densa é completamente nua e campos de savana estão logo abaixo completamente queimados. Esta Dafá é lançada para Mafojukanmi- Não veja minha face- pois me chamo Agan".                 

Texto colhido do livro  Iyámi òsòróngá e o mito das mulheres pássaros;  de autoria de Luís Carlos da Silva

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